Saberes e sabores da maré em Saubara – Bahia: comida, um ritual à mesa
DOI:
https://doi.org/10.21726/rcc.v9i2.99Palavras-chave:
sabores; maré; manguezal; Saubara.Resumo
Neste trabalho, são apresentados saberes alimentares desenvolvidos e transmitidos por gerações no município de Saubara – Bahia. O texto traz fragmentos da observação participante de pesquisa de mestrado concluída em 2018, sobre as manifestações culturais de Saubara e as contribuições para a preservação dos manguezais da cidade. Para maior proximidade da realidade estudada, diferentes ferramentas metodológicas foram acionadas: observações, conversas informais, banco de imagens, questionário, entrevistas e nota de campo. Conforme afirmam Bogdan e Biklen (1994), os estudos que recorrem à observação na investigação qualitativa têm como característica principal o investigador. Assim, a percepção dos acontecimentos ou das ações pode ser mais bem compreendida, pois são observados no seu ambiente de ocorrência. Tais saberes estão intimamente vinculados ao convívio cotidiano com os manguezais, lugar de vida em que se estabelecem relações produtivas e simbólicas observadas in loco. O aporte teórico que guiou o trabalho foi especialmente o fornecido por Tuan (2012, 2013); o conceito de topofilia foi construído por Yi Fu Tuan (1974) e é a chave para o entendimento do “amor ao lugar”, um norteador para pensar o ambiente na forma como é percebido pelos atores sociais, o que nos fez compreender como a maré está intimamente imbricada com as memórias da comida na cidade, evidenciando os saberes populares enquanto sistema formador social, cultural e ambiental. Receitas com segredos de família inscritas na memória resistem ao tempo e alimentam o corpo e a alma. Os frutos da maré são os ingredientes principais para a sobrevivência dessas receitas transmitidas por gerações.