Contrastes na terra do café: São Paulo entre a publicidade e a crônica nos anos 1920
DOI:
https://doi.org/10.21726/rcc.v9i2.95Palavras-chave:
São Paulo; café; sociabilidades; publicidade; crônicas.Resumo
Este trabalho tem por intenção discutir como determinados locais de sociabilidade, especialmente os dedicados ao comer e ao beber, apresentaram alterações significativas na vida urbana paulistana no início do século XX. O que se busca é compreender as formas de sociabilidades modernas, em que o comer fora de casa, mais que atitude natural que visa à alimentação para suprir necessidades, esteve carregada de valores simbólicos e distinção social. Articulados à formação do gosto e à distinção social, verifica-se que os padrões higiênicos e o discurso médico estiveram presentes em diversas esferas da sociedade: nos lares, nas obras estruturais, nos cuidados com o corpo e a saúde, mas também nos estabelecimentos comerciais destinados à alimentação. Tais aspectos apontam para a alimentação como prática de lazer e de convívio social que agitou a vida urbana da metrópole em construção, e o que se vê é uma adequação de São Paulo ao chamado mundo civilizado. Foram pesquisadas e tabuladas as edições do jornal O Estado de S. Paulo, entre os anos de 1920 e 1929, compreendendo que a imprensa periódica atuou de forma pedagógica nessa tentativa de incluir São Paulo no mundo civilizado, contudo também exerceu papel de vigilância das novas práticas urbanas, notadamente por meio de crônicas e também de anúncios de casas comerciais destinadas ao comer e ao beber: restaurantes, confeitarias, leiterias, bonbonnières, salões de chá. A intenção é perceber as divergências entre o que anunciava a publicidade e o controle da vida social por meio da coluna de crônicas, entendendo-as como pequenos textos dedicados a tratar de temas próprios do cotidiano da vida urbana.