O “gato preto” em tempo de guerra: a recepção do nazismo e da Segunda Guerra Mundial no relato de viagem Gato preto em campo de neve, de Erico Verissimo
DOI:
https://doi.org/10.21726/rcc.v10i1.788Palavras-chave:
Segunda Guerra Mundial; nazismo; Política de Boa Vizinhança; literatura de viagem; Erico Verissimo.Resumo
Um dos aspectos das relações entre Estados Unidos e América Latina durante a Segunda Guerra Mundial foi a Política de Boa Vizinhança. Na prática, ela consistiu em diversas iniciativas econômicas, militares, políticas e culturais, em que os Estados Unidos foram apresentados aos países latino-americanos como um paradigma de desenvolvimento a ser seguido, sendo normais as viagens de formadores de opinião latino-americanos ao país, patrocinadas pelo Escritório do Coordenador de Assuntos Interamericanos, sediado em Washington, D.C. De volta aos seus países de origem, esses viajantes redigiram seus relatos, que foram publicados na forma de literatura de viagem. O objetivo deste trabalho é analisar uma dessas obras, o livro Gato preto em campo de neve, do escritor brasileiro Erico Verissimo, lançado em 1941. Por meio de uma leitura contextualizada dos registros de Erico Verissimo, o trabalho busca compreender as formas como o nazismo e o conflito então em curso foram recebidos pela opinião pública estadunidense. Até 1941, o governo dos Estados Unidos manteve-se oficialmente neutro diante desse conflito, seguindo uma orientação isolacionista para suas relações internacionais. Contudo, no relato de Verissimo, há diversas menções de situações em que o autor coletou opiniões de cidadãos americanos e de refugiados europeus da guerra e do nazismo que sugerem que, apesar do isolacionismo, existia uma forte consciência da gravidade do conflito em curso e do Nacional-Socialismo.