Miranda July e os objetos como dispositivos em O escolhido foi você e Interfaith Charity Shop at Selfridges
DOI:
https://doi.org/10.21726/rcc.v9i1.115Palavras-chave:
arte contemporânea; Miranda July; dispositivo.Resumo
O artigo trata das obras O escolhido foi você e Interfaith Charity Shop at Selfridges, da artista norte-americana Miranda July (1974). O texto reflete sobre os objetos presentes nas obras entendidos como dispositivos, pensando o conceito de Giorgio Agamben em seu livro O que é o contemporâneo e outros ensaios. Mesmo mudos, os objetos podem ser falantes ao contar sobre sonhos, desejos, motivações e histórias de vidas e atravessar a biografia de quem cruza seu caminho. O texto também discorre, com base em Walter Benjamin, sobre o papel do colecionador, o qual empreende uma luta contra a dispersão. Miranda July é uma colecionadora de biografias, vidas, histórias, dos outros e da sua própria, que por diversos momentos se misturam. No texto ainda são estabelecidas algumas relações para ponderar que os objetos fazem um caminho biográfico, podem ser pensados como testemunhos silenciosos da humanidade. Pensar seu uso na arte contemporânea é também pensar seu empilhamento nos museus. O escolhido foi você e Interfaith Charity Shop at Selfridges rememoram a biografia das coisas, como restos de experiências humanas. Miranda July faz o jogo de lembrar o passado, imaginar o futuro e revelar um pedaço da sua própria biografia.